Do açoriano ao madeirense, do alvarinho ao alentejano, nunca silenciando o nosso vinho do Porto, levado além fronteiras. Somos um país cultivado de vinhas.
Como empresa química, podíamos menosprezar dizendo que o vinho é o simples resultado da fermentação alcoólica do sumo de uva, resumindo-o na reação química: açúcar + levedura “fermento” = álcool + CO2.
Não o faremos porque somos portugueses e, portanto, sentimos na pele (ou no palato) que o vinho é muito mais que uma simples fórmula.
Como dizia Fernando Pessoa: “O Vinho é poesia engarrafada”. Contudo, o engarrafar sucede de um árduo processo, com várias etapas, uma delas a vindima.
Para muitos a vindima é a colheita de 365 dias de trabalho duro, entre momentos frios e chuvosos, podas e adubos, a contagem de quilos para o “ganha-pão” do ano seguinte, com o alento de dever cumprido. Para outros, esta fase é sinónimo de convívio numa experiência agrícola vivida uma vez por ano.
Abreviando, a vindima é um misto de labor e lazer, encontro de amigos e familiares, de tradição aliada a um forte convívio que vai do campo à mesa. É trabalho árduo que cruza gerações, gera sorrisos e orgulho nas camisolas que se tingem de tinto com banda sonora marcada pelo folclore.
Vindimar é muito mais do que um processo de produção vinícola. Para bom português, é mais um pretexto para mesa farta e boa degustação do nosso suor do ano transato.
By Renato Bacêlo